Visão infantil: ela merece cuidado
Artigo da Dra. Ana Gabriela Zum Bach (CRM 38209) – Oftalmopediatra do Hospital de Olhos Rui Marinho
A visão é, para muitos, o principal sentido do corpo humano. Não por acaso, estima-se que cerca de 80% da nossa interação com o mundo se faça por meio dela. É o sentido que mais utiliza processamento no cérebro, cerca de 30%. Diante disso, cuidar bem da saúde dos olhos é essencial. E esse cuidado deve começar desde cedo.
Quando falamos sobre a preocupação com a visão, grande parte da população entende que as visitas ao oftalmologista só devem acontecer a partir da adolescência e ir aumentando a freqüência com o aumento da idade.
Entretanto, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica orienta a realização de consultas oftalmológicas semestrais até os dois anos de idade e anuais a partir dos dois anos, além da realização do Teste do Olhinho na maternidade antes da alta, após o nascimento. Todo esse cuidado é essencial, porque a criança não nasce enxergando normalmente como os adultos, a visão vai se desenvolvendo desde o nascimento até atingir seu ápice, por volta de sete anos de idade.
Consultas oftalmológicas devem ser semestrais até os dois anos
de idade e anuais a partir dos dois anos
A criança “aprende” a enxergar e o período em que esse aprendizado é mais rápido ocorre do nascimento até os dois anos, por isso as consultas semestrais. Após os dois anos o desenvolvimento continua até os sete anos. A presença de qualquer problema ocular nesse período, se não for diagnosticado e tratado adequadamente, pode comprometer de forma irreversível a visão da criança. Com o diagnóstico precoce, grande parte das pessoas com baixa visão ou cegas, poderiam estar enxergando.
Para mim é preocupante o fato de que muitos pais só levam seus filhos para as primeiras consultas com os oftalmologistas quando eles começam a ter dificuldade de ler e enxergar, pois quando isso ocorre já pode ser tarde demais para a recuperação total da visão.
O ideal e apropriado é que essa primeira visita aconteça rotineiramente, assim como um neném vai a sua primeira consulta com o seu pediatra: ele não precisa estar doente nem com suspeita de doença, ele simplesmente vai para fazer seu acompanhamento. Os dados da Organização Mundial da Saúde são alarmantes. De acordo com a OMS, 19 milhões de crianças com menos de 15 anos têm problemas visuais. Desse total, 12 milhões sofrem de condições que poderiam ser facilmente diagnosticadas e corrigidas. Em nosso país, estima-se que cerca de 33 mil crianças ficaram cegas devido a doenças que poderiam ter sido tratadas e até mesmo evitadas, se fossem identificadas precocemente. Por isso, reforço, as crianças devem visitar o oftalmologista pediátrico com freqüência e desde o nascimento.
Um grande avanço que vem ajudando a amenizar essa situação foi a obrigatoriedade das maternidades realizarem o Teste do Olhinho nos recém nascidos. Afinal, desde junho de 2010, todos os planos de saúde são obrigados a cobrir o exame, de acordo com a ANS. Esse teste é importante para detectar doenças muito graves e que devem ser tratadas imediatamente para não prejudicar o desenvolvimento visual normal da criança ou mesmo colocar sua vida em risco, como, por exemplo, o glaucoma congênito, catarata congênita, tumores intra oculares, malformações oculares.
Como já disse, independente de ter ou não qualquer sintoma, não deixe de ir ao oftalmologista, de levar seus filhos e encorajar seus amigos e parentes a irem e a levarem suas crianças também. Afinal, “prevenir é o melhor remédio”.
*O hospital de Olhos Rui Marinho é credenciado à Amagis Saúde.
**O plano de saúde da Amagis conta com profissionais e clínicas especializadas. Acesse o link “Rede Credenciada” no site. A cobertura dos procedimentos segue recomendações da Agência Nacional de Saúde (ANS).