Artigo: Janeiro Branco – a importância do cuidado com a saúde mental
A pandemia colocou em evidência a importância da saúde mental.
Como saúde mental entendemos que é um estado dinâmico de equilíbrio interno, que permite aos indivíduos usarem todas as suas habilidades em harmonia com os valores universais da sociedade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a saúde mental está centrada em dois pilares: sensação de bem-estar e produtividade.
O bem-estar inclui aspectos emocionais, psicológicos, e o bem-estar social envolvem sentimentos positivos de alegria, satisfação, atitudes positivas sobre as suas responsabilidades e para com as outras pessoas e um funcionamento positivo (boa integração social, capacidade de resolver os problemas, tomar decisões, se comunicar e interagir adequadamente com os outros).
Vivemos tempos difíceis, guerras, corrida armamentista (volta da guerra fria), dificuldades políticas, econômicas e muita incerteza sobre o futuro. A ordem social vigente tem sido muito questionada e mudanças intensas estão acontecendo em todo o mundo.
O individualismo próprio do nosso tempo, a radicalização, as decisões equivocadas transformaram o país num local de litígio. Como as instituições e os poderes não estão sendo capazes de resolver as demandas e os conflitos atuais, o Poder Judiciário tem sido instado a decidir sobre questões específicas, técnicas que deveriam ser avaliadas pelos órgãos competentes, como discussões sobre a liberação da maconha, assuntos relacionados a medicamentos etc.
Tudo isso sobrecarrega o Poder Judiciário e os julgadores.
Definimos a síndrome de Burnout ou esgotamento profissional como sendo uma resposta prolongada aos estressores no trabalho.
São desencadeadores:
- Excesso de estresse mediado por longas horas de trabalho
- Fadiga
- Pressão para a realização do trabalho, com metas rígidas, estatísticas de produção
- Mudanças na cultura da instituição
- Falta de suporte da instituição e pelos superiores aos seus membros
- Problemas com o balanço entre a vida pessoal e o trabalho
A demanda incessante de novos processos para serem julgados e o volume excessivo de trabalho pode gerar uma sensação de frustração, insatisfação no trabalho e um sentimento negativo, como se estivesse enxugando gelo.
Os magistrados, em face da situação vigente devem ficar atentos ao seu adoecimento emocional e aos sinais de alerta especificados abaixo:
- Insônia persistente, ou hipersônia, pesadelos frequentes, trocar o dia pela noite.
- Irritabilidade excessiva, ansiedade, reações de pânico, alterações bruscas de humor, angústia, permanecer inquieto ou em alerta, medo, tricotilomania (arrancar os cabelos)
- Tendência ao isolamento ou choro frequente, preocupação excessiva, tristeza duradoura, desânimo, apatia, desinteresse ou incapacidade de sentir alegria ou prazer, dificuldade em executar as tarefas habituais.
- Alteração no padrão alimentar, ganho de peso, compulsão alimentar, perda do apetite.
- Aumento da frequência e da quantidade do consumo de álcool, tabaco ou drogas (incluindo fármacos)
- Dores de cabeça frequentes, dor ou tensão muscular excessiva.
- Automutilação, ideação suicida.
Autor: Octávio Saliba - Psiquiatra