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Dermatologista desvenda mitos e verdades sobre a psoríase

11 de Dezembro de 2015 às 08h00

A psoríase é uma doença inflamatória, genética e crônica, de causa desconhecida e sem cura. É caracterizada por lesões descamativas e avermelhadas de tamanhos variados, que acometem principalmente cotovelos, joelhos e couro cabeludo, mas podem também atingir as articulações. Estima-se que cerca de 3% da população mundial tenha a doença, que afeta igualmente homens e mulheres e causa um impacto na qualidade de vida e na condição emocional de seus portadores. O primeiro episódio costuma aparecer na juventude (entre 15 e 25 anos) e após os 50 anos.

psoríase

A boa notícia é que, apesar de ainda não ter descoberto a cura da doença, a medicina avançou bastante nas pesquisas sobre a causa da psoríase. A dermatologista Patrícia Ávila, da Clínica Santhè, conveniada à Amagis Saúde, afirma que estudos realizados nos últimos dez anos identificaram a principal célula envolvida no processo inflamatório da doença, a TNF-α. “Essa célula desencadeia uma série de inflamações. Quem tem a predisposição genética para a psoríase possui essa célula em maior quantidade no organismo. É ela que vai gerar as lesões na pele”, diz a especialista.

Os estudos também constataram que essa mesma célula inflamatória pode atingir as articulações, o pâncreas e os vasos sanguíneos. Por isso, o portador corre o risco de ter artrite psoriásica, diabetes e colesterol aumentado, o que pode levar a casos de infarto e derrame. Patrícia Ávila esclarece que, ao primeiro sinal de dores nas articulações e dificuldade de movimentar o corpo, principalmente ao acordar, o paciente deve relatar o ocorrido ao médico que o acompanha. “A artrite psoriásica pode ser incapacitante e requer tratamento específico. Cerca de 40% dos pacientes com psoríase podem evoluir para artrite. Quem possui lesão no couro cabeludo, na unha e na região perianal corre um risco maior. O sucesso do tratamento está relacionado à rapidez de diagnóstico”, alerta a médica.

As células inflamatórias também podem atingir o pâncreas e gerar uma resistência à insulina, o que leva ao diabetes. Além disso, como afeta os vasos sanguíneos, em pacientes com colesterol aumentado o risco de infarto é significativo. “Nos pacientes que têm aumento do peso e do colesterol, a célula inflamatória age na parede do vaso sanguíneo, causando uma obstrução. Pacientes mais jovens correm risco de ter angina e os mais velhos, de sofrer infarto. Por isso, é tão importante o portador da doença ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar e evitar o sobrepeso, com prática regular de exercício físico e uma alimentação equilibrada”, afirma a dermatologista.

Tratamento

A psoríase é uma das poucas doenças que possuem um protocolo na Sociedade Brasileira de Dermatologia. O tratamento baseia-se na avaliação dos critérios de gravidade e do impacto na qualidade de vida e visa à remissão da doença ou ao aumento do período livre de lesões. “Antes, os medicamentos propunham uma melhora de até 75% das lesões. Hoje, esse índice chega a 100%, ou seja, é perfeitamente possível o paciente viver sem a manifestação da doença e com qualidade de vida”, diz a médica.

Na maioria dos casos, segundo Patrícia Ávila, o paciente inicia o tratamento pela fototerapia. A pessoa é exposta a um aparelho que emite raios ultravioletas na pele. A vantagem deste método em relação à exposição ao sol é que ele não depende de fatores climáticos, além de proporcionar maior segurança na dosagem da radiação ultravioleta. Outras opções de tratamento são os medicamentos sistêmicos (metotrexato e acitretina) e, por último, os biológicos (etanercepte, infliximabe e adalimumabe). “Os biológicos são medicações desenvolvidas pela engenharia genética. Eles agem não só na pele, mas na célula inflamatória e são usados apenas quando o médico já esgotou todas as possibilidades”, esclarece a especialista.

Mitos e verdades

Ao contrário do que boa parte da população acredita, a doença não é contagiosa. “Psoríase não se pega. Ninguém vai contraí-la se entrar em contato com as lesões, mesmo que haja sangue ou pus nelas. Para a pessoa desenvolver a doença, é preciso haver uma predisposição genética”, pontua Patrícia Ávila.

Além disso, a depressão de que muitos pacientes se queixam não é causa das lesões, mas sim consequência da presença de células inflamatórias no cérebro. “A psoríase também causa depressão. O fator emocional pode ser um gatilho das lesões, mas não o causador, como muitos pensam”, afirma a médica.

Álcool e cigarro também são venenos para a psoríase. “As bebidas alcoólicas pioram muito as lesões. Já o cigarro age na vascularização da pele e enrijece a parede dos vasos sanguíneos. Portanto, o álcool e o fumo não só aumentam as chances de desenvolver a doença, como também a gravidade da mesma quando ela se manifesta”, diz.

Outro vilão é o inverno. A doença piora mesmo nesta estação do ano. Patrícia Ávila explica que a pele é o maior órgão do corpo e funciona como uma barreira. Se ela está seca, a barreira fica enfraquecida e é muito mais fácil surgir a lesão. Por isso, principalmente nos dias frios e secos, é fundamental lubrificar a pele com óleo antes do banho (óleo mineral ou até de girassol) e, depois, usar um hidratante que contenha glicerina.

Patrícia Ávila faz outro alerta: portadores da doença não devem usar corticoides orais e anti-inflamatórios. “O corticoide tópico (pomada) deve ser usado apenas quando há indicação médica, por curtos períodos e em áreas pequenas. Já o corticoide oral tem que ser evitado porque pode desencadear a psoríase pustulosa (pequenas bolhas de pus que se espalham por todo o corpo), um quadro delicado e de difícil controle. Os anti-inflamatórios também agravam bastante as lesões”, afirma.

Preconceito

As lesões cutâneas possuem papel significativo na aparência de quem tem psoríase. Por conta disso, muitos portadores são segregados e tratados com preconceito, o que causa um profundo abalo emocional. Esse comportamento é causado principalmente pela falta de informação sobre a doença. Por isso, é tão importante o médico romper essa barreira e ajudar a quebrar o preconceito.  “O profissional precisa acolher esse paciente e mostrar a ele e à família que o contato físico é mais que bem-vindo neste momento. Recebo sempre meus pacientes com um abraço, e isso se reflete na melhora clínica. Esta é a medicina do futuro. É o profissional voltar os olhos para a pessoa, e não só para a queixa dela. Temos que enxergar muito além da pele”, enfatiza Patrícia Ávila.

 

*O plano de saúde da Amagis conta com profissionais e clínicas especializadas para o tratamento da psoríase. Acesse o link “Rede Credenciada” no site. A cobertura dos procedimentos segue recomendações da Agência Nacional de Saúde (ANS). 

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